Tropa de Elite leva Urso de Ouro e gringos criticam

Depois de conquistar a atenção indisputada dos brasileiros nos últimos meses--mesmo antes de estrear, foi vítima do maior e mais polêmico caso de pirataria no Brasil, alvo de críticas ideológicas e aclamado pela opinião que realmente interessa, a do público--Tropa de Elite conquistou o prêmio Urso de Ouro em Berlim, no sábado 16. O filme concorria com outros 20 títulos.

O diretor José Padilha subiu ao palco do Berlinale Palast acompanhado do produtor do filme, Marcos Prado, e foi bastante aplaudido pelos mais de mil convidados. "Era um prêmio que eu, sinceramente, não esperava", disse, segurando a estatueta de urso dourado. Este é o segundo urso que vai para as mãos de brasileiros desde Central do Brasil, de 1998. Quem levou o bicho para casa, na época, foi Fernanda Montenegro, premiada como melhor atriz, no papel de Dora, que escrevia cartas para analfabetos.

Mas a consagração não foi tudo o que acompanhou Tropa de Elite rumo ao exterior. Durante o festival, o filme também foi vítima das mesmas críticas e acusações que recebeu no Brasil. Alguns críticos gringos o chamaram de fascista e acusaram-no de ser excessivamente violento. Durante a exibição da fita no festival--que ainda enfrentou problemas técnicos: as legendas estavam em alemão, quando o normal seria em inglês--, Padilha comentou que os críticos estrangeiros foram influenciados por seus colegas brasileiros.


Talvez a crítica mais contundente tenha vindo do respeitado jornal britânico The Guardian, O jornalista Conor Foley abre seu artigo dizendo que "os brasileiros deveriam estar envergonhados do sucesso de 'Tropa de Elite', um filme que desumaniza as vítimas de violência policial". Ele aponta ainda que mulheres e crianças são torturadas (?) e Capitão Nascimento foi elevado à condição de herói nacional. Acusa ainda o filme de "glamourizar uma estratégia evidentemente falha" ao ignorar as raízes sociais do problema. E conclui dizendo que a real mensagem do filme é de "cinismo e desespero".